

CEEG
Centro Espírita Estrela Guia

Umbanda
Seu Surgimento e Sua História
Considera-se a data de 15 de novembro de 1908 o marco temporal de fundação da Umbanda. Seu anunciador foi uma entidade espiritual que se fez conhecer como Caboclo das Sete Encruzilhadas, manifestado no jovem médium Zélio Fernandino de Moraes.
Sua história hoje é amplamente divulgada e conta-se que na sua adolescência, Zélio de Moraes foi acometido em várias ocasiões por problemas de saúde que aparentemente desafiavam a medicina da época. Assim, diante da falta de explicações para tal e da sugestão de amigos, seu pai resolveu levá-lo no dia 15 de novembro de 1908 a Federação Espírita de Niterói, na busca de esclarecimentos e de uma cura definitiva.
Iniciados os trabalhos, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor, indo pegá-la no jardim e colocando-a no centro da mesa. Logo após isso se instaurou certa confusão por conta das manifestações de vários espíritos que se apresentavam como caboclos e pretos-velhos.
Todavia quando tais espíritos passaram a ser orientados pelos dirigentes a não estarem ali, Zélio de Moraes se viu intermediário das palavras de um espírito que passou a argumentar eloquentemente com os presentes, mostrando profunda sabedoria.
Em seguida tal entidade anunciou que estaria no dia seguinte na casa do médium, a fim de dar início a um culto em que espíritos de Luz pudessem prestar a caridade indistintamente e independentemente da sua forma de manifestação.
Ao ser indagado seu nome, o mesmo respondeu: “(...) se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverão caminhos fechados para mim.”
Assim, em 16 de novembro de 1908, na Rua Floriano Peixoto nº 30, no bairro das Neves, em São Gonçalo, às 20:00h, estando presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos, vizinhos e outras tantas outras pessoas que souberam do fato, o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou o culto da Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou mais sete tendas umbandistas: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá; Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Jerônimo.
O Centro Espírita Estrela Guia descende do Centro Espírita Caridade Eterna, este último fundado pela jovem médium Elizabeth, que trabalhou como médium na Tenda Nossa Senhora da Guia.


Candomblé e Umbanda
Duas Religiões e Uma Única Fé
O termo Candomblé é usado hoje no Brasil com referência ao culto baseado na tentativa de reprodução bem próxima de diversas tradições e rituais religiosos afro-descendentes. Na realidade sua prática envolve a transmissão de mitos, ensinamentos e costumes pertencentes a vários povos oriundos das diferentes regiões do continente africano, agrupados pela força das circunstâncias que os uniram e aos seus descendentes dentro do cenário da escravidão.
Neste contexto consideram-se hoje três grandes grupos de praticantes, de acordo com a maior influência e participação da herança cultural dos grupos de língua yorubá, fon, ou bantu, representados pelas chamadas nações Ketu, Jeje e Angola, respectivamente. Em cada uma delas cultuam-se as entidades sobrenaturais denominadas Orixás, Voduns e Nkisis.
Já no caso da Umbanda trata-se de uma religião autenticamente brasileira, constituída através da convergência de influências, tradições, crenças, costumes e rituais originários das múltiplas etnias que participaram da formação deste povo.
Suas raízes remontam práticas que progressivamente foram se sedimentando e ganhando espaço no seio da população, sob o amparo muitas vezes de religiões já formalmente constituídas, tal como o Catolicismo e o Espiritismo. Somou-se a isso todo um universo de simpatias, rezas e magias praticadas no dia-a-dia pela população em geral, derivadas do misticismo tanto europeu quanto de diversos outros grupos chegados a este continente.
A Nação Jeje
Nunca existiu na África em termos políticos uma nação Jeje. Por sua vez, aquilo que hoje é chamado de nação Jeje no Brasil é o candomblé formado pelos povos fons e pelos povos mahins, oriundos da região de Dahomé, sendo que a palavra deriva na verdade do yorubá adjeje, cuja tradução é estrangeiro ou forasteiro. Neste caso, a palavra jeje passou a ser usada de forma pejorativa pelos yorubás em referência aos habitantes das tribos do leste, como no caso dos mahis.
Ainda fazem parte dos povos oriundos do Dahomé, que originaram a nação de candomblé Jeje no Brasil, aqueles do sul, da cidade de Savalu, lugar onde se cultuava Nanã Buruku, do norte, no caso os Axantis, e do oeste, onde ficava a cidade de Abomei.
Em relação à palavra Dahomé, considerando que termo Dan significa “serpente”, animal sagrado entre os povos que ali habitavam, existem referências de que seu significado estaria relacionado a algo como "a terra da serpente sagrada".
É necessário ainda compreender que devido a variedade de tribos estabelecidas na região do Dahomé, deparamo-nos obrigatoriamente com um conjunto igualmente grande de idiomas e dialetos, o que dificulta a tentativa de estabelecer uma uniformidade no registro dos diversos termos empregados nas Casas-de-Santo jeje, no Brasil. Da mesma forma, multiplicam-se as tradições, histórias, detalhes do culto e até mesmo da interpretação e compreensão das divindades e da ritualística religiosa.
No Brasil, os primeiros escravos Jeje chegaram a São Luís do Maranhão, indo então para Salvador, na Bahia e de lá para Cachoeira e São Félix. A partir daí surgiram, mais tarde, casas de tradição Jeje em outras cidades, tal como no Rio de Janeiro, fundadas por Pais e Mães-de-Santo iniciados principalmente nas roças mais tradicionais da Bahia.
