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MILAGRES SÃO CONQUISTAS
Milagres acontecem, com certeza, o que não significa que a melhor postura de vida seja aguardar passivamente por eles.
Todas as vezes que vamos iniciar uma sessão de Umbanda nos deparamos, ao chegar no Terreiro, com um grande número de pessoas que em grande parte deixa transparecer a própria ansiedade em virtude das mais variadas questões atreladas ao seu cotidiano. São inúmeros os problemas que estarão sendo levados às entidades espirituais ali manifestadas, na esperança de obter soluções que venham de encontro à realização plena de seus propósitos, muitas vezes sem considerar o conjunto de efeitos que um único acontecimento pode gerar na vida não de uma mas de várias pessoas.
Ainda assim, é preciso ouvir a todos, com carinho e compreensão profunda de que para cada indivíduo o seu próprio problema é o mais sério, independentemente de qual seja, uma vez que, na perspectiva em que se encontra, sua visão permite alcançar muitas vezes apenas a dimensão do seu próprio sofrimento que, se não é físico, certamente é emocional e mental, e não por isso menos autêntico.
Entretanto o que fazer? Que tantas soluções serão estas que estejam acessíveis para distribuir a tantas pessoas a satisfação de seus desejos? É esse o caminho? Prometer os tão esperados milagres?
Muitas vezes, em várias ocasiões, observei essa conduta na prática dos terreiros. É comum ouvir que basta deixar por conta da entidade, ou acender uma vela, ou colocar um papelzinho com nome em algum lugar, e que assim tudo sairá exatamente a contento. Talvez isso seja feito por ser em um primeiro momento mais fácil, ou então para deixar feliz o consulente e ganhar algum “prestígio”, ou mesmo para se liberar rapidamente do atendimento. O fato é que nem sempre se dá o que de fato é o mais importante, o imprescindível, a razão de ser do trabalho espiritual: A PALAVRA.
É preciso compreender que seja lá qual for a origem do pesar e aflição de cada pessoa o fundamental é leva-la a uma reflexão, inclusive a respeito de outros ângulos de visão do seu próprio problema e de suas circunstâncias de vida, relacionando os fatos presentes às consequências de suas próprias atitudes, fazendo-a compreender que para superar seu momento, e não vivenciar situações futuras semelhantes, será preciso mudar invariavelmente sua atitude diante da vida. O resultado então é uma profícua conversar, que se chama “consulta”, mas que na realidade é uma passagem de olhos sobre todo o cenário vivido pelo indivíduo, seus propósitos e metas, seus métodos de obter sucesso, suas relações familiares e de trabalho, suas amizades e todos os demais fatores que integram o seu dia-a-dia. Estamos falando de um tratamento, de algo eminentemente terapêutico em relação ao espírito e de conselhos sábios e não tendenciosos. Enfim, tomando emprestado uma expressão nada original mas profundamente sábia, estamos falando de “ensinar a pescar” ao invés de simplesmente dar, ou prometer, o peixe.
Em nossa casa, Juriatã diz que aquilo no que mais precisamos confiar é na Divina Providência, entendendo que vem Dela não necessariamente o que queremos, mas invariavelmente aquilo que espiritualmente precisamos. De fato nossa visão como seres humanos encarnados é muitas vezes fraca e enxerga apenas a curta distância, mas o que há de se falar da sabedoria Divina? Essa sim, é ampla e infinita, capaz de alcançar além do horizonte e fazer com que tudo no universo se encaixe e tenha sentido. Na realidade essa é uma outra forma de falar sobre FÉ ou, em outras palavras, confiar em D´us.
Todavia não se confunda a Fé com deixar a cargo de D´us, ou da Divina Providência, fazer acontecer tudo aquilo que nos cabe como seres capazes resolver nossos próprios problemas, até porque faze-lo é justamente o motivo de nossa existência e a base de nossa evolução espiritual. Confiar em D´us é simplesmente CONFIAR e, sendo assim, fazer tudo que nos compete para assumir nossa própria responsabilidade pessoal e social. Trata-se de segurar as rédeas da vida nas mãos e conduzir com firmeza o carro do cotidiano, com planejamento e estratégia para alcançar o destino almejado, sabendo que D´us está olhando e zelando pelo CAMINHO. Crescer desta forma é conquistar o próprio espaço no mundo e na vida, contribuindo igualmente para a evolução deste.
Enfim, voltando ao que falávamos no início, milagres de fato acontecem mas, ainda que imperceptivelmente, sempre são resultados de nossas atitudes e conquistas e reflexo da nossa sincera relação com D´us, que creou os homens para serem capazes de brilhar como luzes no universo.