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ULTRAPASSAR LIMITES

     É muito comum nos depararmos com pessoas que, diante de seus infortúnios , apressam-se em transferir a responsabilidade sobre seus problemas para qualquer outra pessoa ou causa, seja esta material ou espiritual, próxima ou distante, capaz ou não de responder a tais acusações. Assim, diante de uma vida aparentemente sem sucesso ou crescimento, muitos indivíduos preferem se acomodar usando a desculpa de não ter tido sorte e de não ter sido beneficiado pelos favores do destino. Em alguns casos surge ainda a argumentação de não serem compreendidos, não serem aceitos e não terem reconhecimento por parte de D’us e dos homens. Para essas pessoas restaria, de acordo com seu próprio ponto de vista, apenas a pequenez como única e fatídica opção, colocando-se consequentemente numa condição de merecedoras de pena e auxílio permanente para a manutenção de suas necessidades. Como é triste observar, de fora, essa situação.

     Na realidade a vida é de fato, ou passa a ser, aquilo que fazemos dela. Gosto de comparar tal afirmação à figura de um artesão que recebe para si uma porção de barro como única riqueza. Inspirado por Deus ele se põe a trabalhar sobre aquela matéria amorfa e sem vida aparente, que então amassa, molda, afina e se detém por longo tempo, absorto em uma figura que já é realidade dentro da sua mente. Por fim, o homem finalmente constrói sua obra de arte, que leva ao forno e se transforma em um belo vaso. Tal é o que fazemos o tempo todo com as horas e minutos na nossas vidas: amassamos, moldamos, afinamos e, ás vezes, quebramos, rompemos, e temos que buscar novamente inspiração.

     Mas o fato é que, durante a execução da obra, não temos nos acostumado a nos afastar um pouco para observar de longe o resultado. Desta maneira, muitas vezes a vida acaba se moldando diferentemente daquilo que queremos, sem nos darmos conta de que aquela realidade, ainda que indesejada, é construída invariavelmente pelas nossas próprias mãos. Quando isso acontece torna-se então mais fácil transferir a responsabilidade, olhar para o lado e dizer: “É por causa disso que está perto de mim, por isso que eu não consigo...enfim, porque não posso superar”. Mas nada disso é verdade!

     Lembro-me de que certa vez eu estava assistindo na TV a um programa de esportes aonde apareceu um pequeno menino que não tinha os dois pés. Ao contrário do que seria comum imaginar vi a criança correndo, brincando e jogando futebol normalmente em meio aos outros que não tinham a mesma condição. Mais do que isso, ele sorria! O mais provável é que este menino cresça com total possibilidade de sucesso, que ele tenha a chance de se sair bem na vida como qualquer outro, de estudar, namorar, enfim, de construir um futuro de felicidade. Não é, certamente, um coitadinho. Antes disso, creio mesmo que essa seja a última coisa da qual ele gostaria de ser chamado.

     Mas essa é apenas uma história, em meio a tantas outras, mais e menos fantásticas, colecionadas ao longo da história da humanidade. Quando falam próximo a mim sobre a imperfeição da raça humana, seus vícios e defeitos, muitas vezes eu custo a crer que não se consiga olhar para esta maravilhosa história sob uma perspectiva diferente. Certa ocasião, como palestrante de um evento, fiz uma afirmação que depois pude repetir depois por inúmeras outras tantas vezes: “Se o ser humano não tem o mérito da perfeição, ele certamente tem o da tentativa...”

     E ele tenta, tenta muito, e cai, e se levanta, e vem fazendo desta forma na Terra há algumas centenas e milhares de anos. É o milagre da Superação concedido como dádiva por Deus aos homens.
     Até onde vai o meu limite? Até onde eu posso chegar? Realmente sou capaz de ir além disso? Se existe algum limite obrigado pelas circunstâncias, por outro lado não existe nenhum limite imposto para a tentativa. Lutar faz parte do homem tanto quanto vencer e, antes de vencer a vida ou as dificuldades desta, é preciso vencer a si próprio, os próprios medos, pesares e inseguranças.
Acreditar em si é acreditar em Deus! Seja Feliz!

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